"Somethings in the rain" - playlist da série

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

MÁGOAS ACORRENTADAS - (Tribuna Portuguesa - CA) - por Elen de Moraes Kochman -



http://www.tribunaportuguesa.com

Mágoas acorrentadas

Elen de Moraes Kochman



Há pessoas que carregam mágoas, vida afora, como se arrastassem pesadas correntes amarradas ao corpo, um fardo tão penoso que pouco - ou nada - lhes restam, a não ser se chatearem por ver os seus semelhantes alçarem voos, enquanto que elas mantêm seus pés atados ao assoalho das amargas lembranças, pesadelos que as impedem de viver plenamente.

Quando jovens, inconsequentes, não nos damos conta do mal que causamos aos outros, com nossas atitudes e palavras, não analisamos os efeitos presentes e futuros dos nossos atos. Temos urgência das coisas, desejamos viver e acontecer naquele instante e atropelamos quem está em volta. Um erro? Sim! Imperdoável? Não! Quem não teve seus momentos de fazer, para só depois pensar, quando ainda não tinham aprendido com seus erros? No afã de viver apressadamente, pela rebeldia, ou por querer abrir caminhos com premência, magoamos, sim, familiares, amigos, colegas de escola, de trabalho, mesmo sem nos darmos conta, e seguimos em frente, despreocupados com o que íamos deixando atrás, sem nos lembrarmos que colhemos o que plantamos.

Muitos, com o passar dos anos, ao refletir sobre como têm vivido, fazem a sua "mea culpa", admitem o próprio erro, arrependem-se e se desculpam, porque necessitam de perdão. Outros não têm essa preocupação, por não se sentirem responsáveis ou porque o passado passou, realmente, para eles e/ou se perderam das pessoas com as quais conviveram, ou não acham que têm importância as suas atitudes de outrora. Entretanto, só sente a dor quem apanha. Quem bate, esquece. E aqui reside o engano de quem guarda raivas e queixas, porque bebem o veneno todas as vezes que dele se lembram.

Talvez não esqueçamos o que - ou quem - nos atingiu, porque não conseguimos nos perdoar por termos permitido que nos ferissem ou dado importância maior do que a merecida a algo ou a alguém insignificante ou, ao contrário, tão significante, naquele momento, a ponto de nos desestruturar, de interferir nos nossos sentimentos e comportamentos, ainda hoje, embora anos depois.

No entanto, convenhamos, há gente sensível demais, que se magoa por tudo, que sente a alma doer quando ouve uma palavra mais ríspida, quando ouve um não por resposta, quando tinha certeza de um sim, e o choro é seu único alívio. Geralmente são pessoas que vêm de uma sofrida infância de maus tratos. E há o reverso dessa moeda, gente que sofreu tanto nessa época que agora, antes de ser atacada, ataca, não importando se o que fala ou faz, machuca ou não, porque o que para ela importa é o seu sofrimento, não o dos outros. 

Compreendi a extensão do mal que o ressentimento nos traz, só depois de muitos anos. Como muito bem disse Benjamim Franklin, “A tragédia da vida é que ficamos velhos cedo demais. E sábios, tarde demais”.

Atualmente, sei por aprendizado e alguma terapia:

ü  que mágoas e rancores, além de ser atraso de vida, também matam;
ü  que lembrar o passado é inerente a quem tem boa memória, mas que essas recordações não podem me impedir de seguir em frente, de fazer planos, de tocar a vida;
ü  que o amor é o dom mais importante de todos os dons, como disse o Apóstolo Paulo, e que eu devo amar, sim, porém isso não significa que serei amada e aceita e que eu devo admitir que há gente cujo coração ainda não passou pela “chama da purificação” (porque amor é função da alma, não do corpo) e que por isso, ainda, não sabe amar;
ü  que eu devo sempre perdoar, não porque os que me pedem perdão precisam ter paz, mas para que eu a tenha, para que eu viva feliz e distribua alegria;
ü  que muitas pessoas vão me dizer não, e não significa que não queiram dizer sim, mas há impedimentos, e talvez esteja nos planos de Deus (em quem tenho fé absoluta) capacitar e testar outras pessoas; e muito mais.

Hoje entendo melhor o ensinamento Cristão de “orar pelos inimigos”. Eles precisam tanto quanto os amigos. Convidá-los para uma conversa amigável, esclarecedora, pode parecer fraqueza e até servir de gracejo, porém, creia, aos olhos de quem te respeita – e de Deus - serás visto como quem, com muita dignidade, “oferece a outra face”, tentando o 1º passo para melhorar o mundo e acabar com as guerras. 


Bom seria quebrar o cadeado que acorrenta as mágoas e voar, enquanto é tempo e há vida para se viver com abundância!

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

BORBOLETA FASCINANTE - Albert Araújo




Borboleta fascinante

Albert Araujo


Borboleta fascinante...
Rouxinol encantado...
Gosto de ouvir tua voz perfumada,
Que adentra minha alma quando cantas, 
Tal qual o arrebol, 
Quando desponta no horizonte 
E faz sorrir as manhãs, as tardes afetuosas.

Tuas palavras ditas, condecoram 
A cortina Cerúlea do meu humilde ser.
Quando declamas, 
Invades minha alameda com um sorriso,
Redunda de emoção o meu coração
A destrançar-se,
Que nem chuva de pétalas 
Em meu peito.

És pura... pérola rara...
És um diamante lapidado, 
Na forma da mais fina flor!
Quero por ti derramar meu afago sereno, 
De extremo a extremo.
Nas manhãs... colher todos os lírios brancos... 
Brilhantes... 
Para enfeitar o teu caminho,
Nas noites claras de luar.

Quero por ti...
Embalsamar o teu canto, 
Para quando estivermos juntos, na eternidade,
Cantarmos os versos que escrevo, 
Encantando as constelações... Os astros.
Estalando em espumas de ouro os casulos, 
Dos quais surgirão borboletas coloridas 
Que ornamentarão os campos
Silvestres da natureza.

Oh!... Borboleta que me fascina...
Os teus matizes dão suave colorido 
Às minhas estradas de sonhos...

Oh!... Rouxinol que me encanta,
Estou enamorado pela melodia do teu trinar 
Que trouxe à vida, o meu eterno silêncio...


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