E. Roberto de Moraes
Além da Eternidade
Elen de Moraes Kochman
Para meu pai, em memória
Contemplo teu rosto na foto desbotada
Pelo tempo distante... Tempo que bendigo!
À mente, me volta imagem desordenada
Dos momentos felizes, do teu ombro amigo.
Meu coração dói... se contorce em disparada,
Ao lembrar, meu pai, a vida em comum contigo!
Sinto, na saudade, teu carinhoso abraço,
Tua voz, em silêncio, a me aconselhar...
Meus deslizes, quando ao pisar errado passo,
Com afeto corrigias, sem castigar.
Teus filhos, quando vencidos pelo cansaço,
Voltavam pros teus braços - porto de ancorar!-
Nos teus olhos havia olhar sempre bondoso!
Deles fluíam paz, total tranquilidade...
Acautelados em teu amor tão zeloso,
Transcorria-nos a vida em serenidade.
Ensinava-nos acerca do insidioso,
Mas mostrava tua justeza na igualdade.
Manso sorriso que em teus lábios flutuasse
Era estímulo a procurarmos, no mundo,
Um canto nosso que do sol nos resguardasse.
Sob a luz do teu incentivo íamos fundo!
Entre nós, distância não se fazia impasse,
Pois não te ausentavas sequer por um segundo.
Foste perdão sem dramas e sem mais enredos.
Um poço de amor! Grande lago de pureza,
Onde guardávamos todos nossos segredos,
Onde escondíamos nossa velha incerteza...
O teu coração espantava nossos medos
Ao pulsar a tua força, nossa fortaleza.
Hoje, pra aliviar a dor da tua ausência,
Imortalizo, nos meus versos, a tua vida!
Por sermos teus filhos, frutos da tua essência,
Conosco permaneces, embora a partida...
E um dia nos reveremos, noutra existência,
Quando tivermos cumprido, aqui, nossa lida...
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