Edição 01/05/2013
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Fanatismo,
transparência e
democracia
Elen de Moraes Kochman
Entre os rumores de uma guerra nuclear, como nos filmes de
catástrofes que anunciam o Armagedom, a Coréia do Norte exibe - e ensaia - seu
exército de fanáticos, talvez por confiar na ajuda de algum grande aliado no
momento em que precisar, e Kim Jong-Un, seu ditador, um péssimo ator,
impaciente para manusear seus “brinquedinhos”, tem a petulância de ameaçar a
maior potência militar do mundo que, por sua vez, se posiciona para
defender-se. Rebate falso. Tudo deu em nada, ou quase, isto é, a
tranquilidade quase reinou, não fosse por algo inusitado: bombas em panelas de
pressão (tão rudimentar!), que explodiram em Boston, matando três pessoas e
ferindo dezenas, exatamente na segunda-feira, quando esperávamos que os mísseis
da Coréia do Norte varressem os céus do Extremo Oriente. Que audácia desses
aprendizes! Preparamo-nos para grandes tragédias e sequer nos apercebemos dos
inimigos, tidos como insignificantes, que moram ao nosso lado. Entretanto, bom
não se esquecer do Kim Jong-Un: um louco pode surtar a qualquer momento, sem
aviso prévio.
Há explicação e fundamento para tanto ódio contra os Estados Unidos? Aos fanáticos não se pode dar crédito, porque crescem sendo enxertados pelo ódio. E os que não gostam de ler ou não podem estudar - desinformados - a sua grande maioria segue as ideias de políticos intolerantes que ainda pregam a luta de classes contra o capitalismo. Se fosse só isso... Porém, há acusações que mais parecem gracejos, como as do Sr. Maduro, Presidente da Venezuela, empossado recentemente, que responsabilizou o governo norte-americano de ser culpado pelo câncer que vitimou Hugo Chávez, seu antecessor. Este, aliás, já havia especulado sobre a existência de uma “tecnologia americana para induzir o câncer”, quando sua colega argentina anunciou que estava com a mesma doença que atacara os outros quatro líderes sul-americanos. Prontamente, a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Victoria Nuland, reagiu, dizendo serem tais acusações “horríveis e reprováveis”.
Quem sabe não haja, por trás das acusações, uma pitada de desgosto por serem os EUA um país onde a corrupção é combatida às últimas consequências, onde as leis são feitas para serem cumpridas (e são!), onde até a Constituição é a mesma elaborada em 1787, tendo sido prevista, já naquela época, antes mesmo da revolução francesa, a liberdade de expressão e de religião, e recebido, nesses 220 anos, poucas emendas.
Precisamos aprender com os americanos do norte a amar e ter orgulho da nossa Pátria, a nos enrolarmos na nossa bandeira não só no carnaval e nas decisões dos jogos de futebol, mas também – e principalmente - para cobrar que a justiça seja feita e cumprida. Como filhos, honrar a Pátria mãe, não elegendo políticos sabidamente corruptos, com ficha suja, e muito menos reelegê-los. Temos que limpar o nosso país e exigir cadeia para os governantes e todos que roubam o dinheiro da nossa Nação e o depositam, em seus nomes, em paraísos fiscais.
No Brasil não há lutas de classes (só um velado preconceito entre elas), porque a nossa é uma luta pela sobrevivência, pelo pão nosso de cada dia; pela saúde e pela educação que foram abandonadas; pela solução da falta de água e alimento para o nordeste, nas intermináveis secas, quando há desconfiança de que grande parte do dinheiro que é destinado ao povo nordestino, é desviada e que as obras que são projetadas para beneficiar aquela região jamais ficam prontas, porque são superfaturadas. Nosso Brasil, cuja taxa de arrecadação de impostos é uma das mais elevadas do mundo, não dá o retorno, em benefícios, que a sociedade precisa e espera.
Com o advento da internet perdemos o pudor de falar sobre as mazelas do nosso país, uma vez que os problemas são quase os mesmos em todo mundo, principalmente onde há crise financeira. Se antes a comunicação era difícil e demorada, agora, em pouco tempo colhemos assinaturas virtuais que, se não têm, ainda, poder para modificar projetos de lei, servem para mostrar aos políticos o nosso desagrado. Um ótimo espaço para reivindicações, embora não devamos abrir mão de ir às ruas, quando necessário, para, exercendo a democracia, manifestar nossa insatisfação, reclamar nossos direitos e exigir dos políticos transparência total em todos os níveis.
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