Nhenhenhen
- dia dos namorados - Elen de Moraes Kochman Namorados: hoje é o dia! De novo aqui... e sozinha! Lateja, em mim, agonia do enredo que se avizinha. Será que em benditos braços, o meu guerreiro descansa do seu corpo, os bagaços... o seu arco e a sua lança? Em que pele acetinada sua ágil língua passeia? Em que boca alucinada a sua, agora, tateia? A quem será que oferece, do seu porto, a segurança? Será que alguém se enternece com seu jeitão de criança? O meu corpo, em fogo brando, apaga aos poucos, sem dono... Não sei quanto e até quando suportarei o abandono. E nem sei se quero mais que chegue a qualquer momento! Que venha ou não... tanto faz! só quero o fim do tormento. De tanto sonhar esqueço que me espera um outro alguém... Desta vez... ou enlouqueço, ou dou fim ao nhenhenhem! |
Nem tudo que um poeta escreve se refere
às suas dores, aos seus amores,
enfim, à sua vida particular.
- AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dorA dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,Na dor lida sentem bem,Não as duas que ele teve,Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de rodaGira, a entreter a razão,Esse comboio de cordaQue se chama coração. - Fernando Pessoa
Um comentário:
Que beleza Ellen! Até arrepia a gente tanta inspiração.
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