Acordo o tempo,
acendo as luzes das dores
para mostrar que a vida
escorre entre os horrores
e os meios-fios das rugas
ao longo das avenidas,
lavadas e empoçadas
pelo sangue ali vertido
dos olhos da violência,
que por cruel abandono
perdeu a sua inocência.
Acordo o tempo
antes da noite escoar,
para que eu tenha mais tempo
de outros sonhos sonhar...
Caminho no beiral do dia
onde a vida se refaz
em gomos de fantasia.
Em meio às névoas do cais,
engulo tanta agonia,
ilusões anoitecidas,
enlameadas... Perdidas!
Pois contra a foice do tempo
é vã qualquer alquimia,
inútil qualquer passatempo!
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