"Somethings in the rain" - playlist da série

domingo, 29 de setembro de 2013

MÃOS LIBIDINOSAS - Elen de Moraes Kochman



Mãos libidinosas...

Elen de Moraes Kochman


Quero esse teu sorriso de criança
Brincando nos teus lábios sedutores...
Lago onde repousam os teus amores,
Boca gostosa... sempre em desvairança.

Quero nos teus olhos de homem inquieto,
Um doce olhar de lince apaixonado,
Inocente, sem ranço de pecado,
Faiscando de luxúria e de afeto.

Quero tuas mãos... Ah... mãos libidinosas!
Viris, fortes e ágeis nas pegadas...
E tuas pernas seguras nas passadas.

Quero teu corpo em vertigens gloriosas...
Penetrante... Em compasso de alegria,
Fazendo amor... Compondo poesia!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

APRENDIZA - Elen de Moraes Kochman



Aprendiza


 Elen de Moraes Kochman



Se prego um prego sem saber pregar,
não prego o prego como tem que ser.
Se verso escrevo só por escrever,
o verso será só um versejar.

Tenho que o martelo aprender usar,
se pregar um prego eu quiser saber.
Poesia para bem escrever,
ás vezes, regras tem-se a observar.

Mas se alguém pensa de modo adverso,
Liberdade tem para pregar prego,
Como é livre para escrever seu verso.

No entanto digo – e isso eu não nego -
que entortar um prego é tão controverso
quanto alinhavar verso e dar nó cego.

Com a poesia eu sempre converso!
Aprendiza, às técnicas, me entrego.
Desse modo, aos poucos, eu me alicerço.


É só uma brincadeira, queridos amigos! Um exercício!
E quem escreve tem liberdade de criação...

terça-feira, 24 de setembro de 2013

ETERNA SAUDADE - Lenya Terra - e TÉRREA PASSAGEM - Elen de Moraes Kochman




ETERNA SAUDADE
Lenya Terra®


Deste grupo onde o poeta,
Canta a cor da saudade,
Sairei serena e quieta,
Para a doce eternidade.

Quem sabe se algum dia,
Coloquem com todo o amor,
Numa cadeira vazia,
Uma pequenina flor.

Eu serei na infinidade
As cores de um arco-íris,
Vivendo na imensidade.

E no dia que não me vires,
Serei apenas saudade,
Refletida em tua íris.

06/08/2006-00.44am


Térrea passagem
De Elen de Moraes Kochman

Para Lenya Terra
em memória


Entre Poetas, a cadeira

Que usaste, com galhardia,
Poetando a vida inteira,
Jamais ficará vazia!

Nela estarão a brilhar

Teu sorriso tão sensível,
Mar azul do teu olhar,
Tua voz inconfundível,

Os fios da tua imagem,

E a essência do teu Eu
- Tu’alma, que em térrea passagem,
Viveu seu grande apogeu -

Jamais serás só saudade...

És a própria eternidade!

FEBRE DE AMOR - Elen de Moraes Kochman - (borboleta poeta)



Febre de amor...

Elen de Moraes Kochman


Em meus sonhos sinto que me reclamas!
Nos meus pensamentos te solto as asas...
E na miragem do teu corpo em brasas,
Aplaco a febre do meu corpo em chamas.


A paixão me domina em suas tramas...
E como flor plantada em terras rasas,
Preciso-te - como água de alcarrazas -
Pra matar a sede das minhas ramas...


Em tuas fantasias também vivo.
Pressinto teu chamado a todo instante.
Tua boca a possuir-me... ofegante.


Talvez seja esse amor só ilusivo,
Pra nossas carências, doce castigo.
Mas... viver sem ele já não consigo!


domingo, 22 de setembro de 2013

TAPETE VERMELHO - (insonias da vida) - Elen de Moraes Kochman




TAPETE VERMELHO
- Insonias da vida -

Elen de Moraes Kochman



Ó tu que te entorpeces 
com a bebida dos sonhos 
destilados nas longas vigílias da alma,
com os desejos mirabolantes
do teu inconsequente coração,
com os pesadelos 
das tuas desestruturadas emoções,
com as insônias da vida...

Desadormece! 


Pisa no chão da tua realidade!
Nesse chão batido pelas tuas incertezas,
nesse tapete vermelho 
de terra firme,
derramado à tua frente
para amortecer as passadas 
do teu desencanto...
esse chão de terra molhada
pelo gotejar das tuas lágrimas,
pela queda do teu pranto magoado,
pela chuva da tua desesperança,
pelos desencontros, 
pela solidão
- essa tua amante de todas as épocas! -

Pressente nos gemidos,
no farfalhar das folhas caídas
que sucumbem ao peso da tua insatisfação,
o amor que se despeja à tua passagem,
a paixão que se incendeia à tua volta,
a sensualidade que acede à tua essência,
a vida que te renasce...

Descansa a fadiga da tua eterna procura,
na posteridade do amor...
Asperge sobre esse chão,
sobre esse tapete de terra no cio,
a desilusão das tuas fantasias,
o orvalho da tua inspiração,
o desassossego dos teus versos,
para renascer no afinado canto 
das tuas poesias.


sábado, 21 de setembro de 2013

UM OLHAR SOBRE O OLHAR - Elen de Moraes Kochman - reeditado




 
Um olhar sobre o olhar

Elen de Moraes Kochman

No olhar, 
a dúvida
sobre as certezas,
os impossíveis,
os irrealizados sonhos.

Na expressão, 
o apelo inconsciente,
o abismo do vazio,
a desconstrução
da indiferença...

Na solidão do gesto, 
a conformidade,
a crua existência,
a muda palavra,
o instigante prazer...

Na metade aparente, 
a vontade da coragem,
a fustigada esperança,
os desatinos da vida,
a ausência...

No lado oculto, 
a pureza da alma,
a timidez do Ser,
a razão do espírito,
o encontro com Deus.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

GOSTO QUANDO TE CALAS - Pablo Neruda






















Gosto quando te calas

Pablo Neruda


Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.


Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.


Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.


Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.


E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.


terça-feira, 10 de setembro de 2013

O TEMPO E SUA ETERNIDADE - Elen de Moraes Kochman




O tempo e sua eternidade


Elen de Moraes Kochman


O tempo que movimenta pensadores, poetas, religiosos, historiadores, psicólogos e muitos mais, que não nos aflige quando jovens diligentes e sonhadores, no entanto, que nos  atormenta numa determinada altura da vida, quando sentimos o seu galope desenfreado e nos percebemos cansados para domá-lo, é um aliado para os otimistas e realizadores e um indiferente apressado para quem vive por viver e deixa a vida acontecer, sem prestar atenção à própria existência.



Com a finitude do Ser, terá o tempo um fim ou será o tempo a própria eternidade? Não raro me pego envolvida com esses questionamentos.


Antes me batia uma grande ansiedade nesses instantes de ponderações e como me furtava a entendê-los, sacudia os pensamentos, deixava a angústia bater asas, o cérebro  neutralizar as dúvidas e as explicações. Porém, fui me dando conta de que não adiantava fugir, porque o tempo torna-se um partícipe assíduo das minhas incertezas à medida que a vida avança e a idade se diverte com as marcas das expressões que me surgem, que vão dando ênfase ao meu rosto e ao meu corpo, e me enxergo no abraço desse tempo, sendo levada como nas águas de um dique que se rompe.


Atiça-nos a vontade de segurar o tempo ao darmos conta de que ele é escasso quando, com a agitação das grandes cidades, os dias correm, as noites voam, o corpo mal se adapta e descansa e a mente insone entra pela madrugada, acompanhada – e tão só – pelo silêncio das altas horas e os embates do cotidiano. Em contrapartida, a vida no campo, que passa em câmera lenta, com sua pasmaceira, do mesmo modo que nos dá a vantagem da contemplação, nos incita o desejo de movimentar e adiantar esse tempo.


Quando o filme da nossa vida começa a rodar e surgem as imagens de uma época que nos parece tão recente, mas tão longínqua, incomoda constatar que o tempo se alia à fragilidade do Ser para mostrar a nossa limitação. Nessas horas me vem à lembrança o sábio e famoso conselho que o poeta romano Horácio (65 a 8 a.C.) deu à sua amiga Leucone, (ODES -1,11.8- “...carpe diem, quam minimum crédula postero”): “...colha o dia de hoje, quanto confie o mínimo possível no amanhã”.  Por acreditar em vãs promessas e fazer planos para um futuro distante demais do hoje (e aguardar a sua chegada), é que perdemos parte da existência e da felicidade.

Por que adormecer os sonhos, postergando-os, à espera de dias melhores? Já agi assim e não tive frutos a colher. Então, hoje trago-os bem acordados! Se eles são os meus desejos possíveis, se só dependem de mim, quero, devo e tento realiza-los o mais breve que posso. Se não, troco-os por uma realidade mais à vista, porque não quero nada que me impeça de viver, plenamente, cada hora do meu aqui e agora.

Para quem cultua o presente, o tempo é música que canta para a vida que segue, é a consciência do instante, é o olhar sobre a natureza que desabrocha, é o sorriso da paisagem revisitada a cada manhã. Faz-me lembrar das palavras do meu Mestre, em Mateus 6.34: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal”.

O tempo não é o senhor absoluto do meu futuro, tampouco guardião do baú onde conservo lembranças e mágoas do que foi ou do que poderia ter sido e, sim, o amigo que permito acompanhar-me enquanto vivo. Digo, não sou mais escrava de um tempo marcado, de horas e minutos cronometrados. De mãos dadas - eu e ele - seguimos o curso natural da vida. Se ele tiver pressa, que se adiante e me deixe ao sabor dos meus momentos e sentimentos..

Há quem diga que o tempo é o vazio que sobra depois de tudo; outros, que é a consciência mais nítida do que acontece à nossa volta e há ainda quem afirme que é o elo entre o passado, o presente e o futuro. No entanto, para muitos que têm o privilégio de se debruçar sobre a janela do tempo, é o caminho inexorável cujo portal atravessam, com tranquilidade e aceitação, enquanto envelhecem. 

O tempo pode mudar a nossa aparência, deixar à flor da pele as nossas expressões de dores e alegrias, debilitar o nosso corpo, entretanto, não é capaz de nos tirar a juventude da alma, a esperança do coração, o prazer de viver, a firmeza do pensamento, o entusiasmo de nos apaixonarmos, a emoção de amar, enquanto nos achegamos à eternidade.





domingo, 8 de setembro de 2013

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Sobre o Rio de Janeiro - RETRATO DE UMA CIDADE - Carlos Drumond de Andrade -





 I


Tem nome de rio esta cidade
onde brincam os rios 

de esconder.
Cidade feita de montanha
em casamento indissolúvel
com o mar.
Aqui amanhece
como em qualquer parte 

do mundo, mas vibra 
o sentimento de que as coisas 
se amaram durante a noite.
As coisas se amaram.
E despertam mais jovens,
com apetite de viver
os jogos de luz na espuma,
o topázio do sol na folhagem,
a irisação da hora na areia desdobrada 

até o limite do olhar.
Formas adolescentes 

ou maduras recortam-se 
em escultura de água borrifada.
Um riso claro, que vem de antes da Grécia (vem do instinto)
coroa a sarabanda a beira-mar.
Repara, repara neste corpo
que é flor no ato de florir
entre barraca e prancha de surf,
luxuosamente flor, gratuitamente flor
ofertada à vista de quem passa
no ato de ver e não colher.



 II

Eis que um frenesi 
ganha este povo,
risca o asfalto da avenida, 

fere o ar.
O Rio toma forma de sambista.
É puro carnaval, loucura mansa,
a reboar no canto de mil bocas,
de dez mil, de trinta mil, 

de cem mil bocas,
no ritual de entrega 

a um deus amigo,
deus veloz que passa 

e deixa rastro de música 
no espaço para o resto do ano.
E não se esgota o impulso da cidade na festa colorida. 

Outra festa se estende
por todo o corpo ardente 

dos subúrbios
até o mármore e o fumé
de sofisticados, 

burgueses edifícios:
uma paixão:
a bola
o drible
o chute
o gol
no estádio-templo que celebra
os nervosos ofícios anuais
do Campeonato.
Cristo, uma estátua? 

Uma presença, do alto, 
não dos astros,
mas do Corcovado, 

bem mais perto
da humana contingência,
preside ao viver geral, 

sem muito esforço,
pois é lei carioca
(ou destino carioca, tanto faz)
misturar tristeza, amor e som,
trabalho, piada, loteria
na mesma concha do momento
que é preciso lamber 

até a última gota de mel 
e nervos, plenamente.
A sensualidade esvoaçante
em caminhos de sombra 

e ao dia claro de colinas 
e angras,no ar tropical 
infunde a essência
de redondas volúpias repartidas.
Em torno de mulher
o sistema de gesto e de vozes
vai-se tecendo. 

E vai-se definindo
a alma do Rio: vê mulher em tudo.
Na curva dos jardins, no talhe esbelto do coqueiro, 

na torre circular,
no perfil do morto 

e no fluir da água,
mulher mulher mulher 

mulher mulher.


 III

Cada cidade tem sua linguagem
nas dobras 

da linguagem transparente.
Pula do cofre da gíria uma riqueza, do Rio apenas, 

de mais nenhum Brasil.
Diamantes-minuto, palavras
cintilam por toda parte, num relâmpago, e se apagam. 

Morre na rua a ondulação
do signo irônico.
Já outros vêm saltando 

em profusão.
Este Rio…
Este fingir que nada é sério, nada, nada,
e no fundo guardar o religioso
terror, sacro fervor
que vai de Ogum e Iemanjá 

ao Menino Jesus de Praga,
e no altar barroco ou no terreiro
consagra a mesma vela acesa,
a mesma rosa branca, 

a mesma palma
à Divindade longe.
Este Rio peralta!
Rio dengoso, erótico, fraterno,
aberto ao mundo, 
laranja 
de cinqüenta sabores diferentes 
(alguns amargos, por que não?),
laranja toda em chama, sumarenta de amor.
Repara, repara nas nuvens; 

vão desatando
bandeiras de púrpura e violeta
sobre os montes e o mar.
Anoitece no Rio.
A noite é luz sonhando.
 


terça-feira, 3 de setembro de 2013

FOICE DO TEMPO - Elen de Moraes Kochman

   





Foice do tempo


Elen de Moraes Kochman


Acordo o tempo
do seu letárgico sono,
para reter todo néctar
da tenra flor do abandono.
Efêmera juventude
que vaga desajustada
nas madrugadas da vida,
cuja memória é estrada
que balbucia e chora
sofrida perda dos sonhos,
por suas esquinas...  afora.



Acordo o tempo,
acendo as luzes das dores
para mostrar que a vida
escorre entre os horrores
e os meios-fios das rugas
ao longo das avenidas,      
lavadas e empoçadas        
pelo sangue ali vertido     
dos olhos da violência,
que por cruel abandono
perdeu a sua inocência.



Acordo o tempo
antes da noite escoar,
para que eu tenha mais tempo
de outros sonhos sonhar...
Caminho no beiral do dia
onde a vida se refaz
em gomos de fantasia.
Em meio às névoas do cais,
engulo tanta agonia,
ilusões anoitecidas,
enlameadas... Perdidas!

Pois contra a foice do tempo
é vã qualquer alquimia,
inútil qualquer passatempo!


 Publicado na Antologia
     "Terra Lusíadas"
 


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