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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

MOSSORÓ E TIBAU - Neila Costa (Poesia consta da "Antologia Poética"de Poetas de Mossoró e Tibau- RN)

A amiga, Poeta e Escritora, Neila Costa, ao escrever uma poesia homenageando sua
 cidade natal, Mossoró (RN), expõe de tal forma o amor e o orgulho que sente pelo
pelo chão que a viu nascer e crescer, que os vislumbramos nos seus versos, e não nos 
passam em branco. E foi assim que David Leite, ao tomar conhecimento desse "Hino", convidou-a a participar de uma Antologia, onde reuniria Poetas e Escritores 
filhos da cidade. Neila assentiu e aqui estão seu poema e os elogios recebidos pelo
 Escritor Nelson Patriota, numa crítica excelente, citando-a, apoiando o seu trabalho.





Mossoró e Tibau

Neila Costa


Mossoró
Dos dias inesquecíveis da minha infância,
Dos jogos de amarelinhas e das queimadas,
Nas velhas mangueiras, as escaladas,
E o futebol pueril com a vizinhança.

Mossoró
Das belezas da extensa praia do Tibáu,
Suas jangadas, águas azuis e relaxantes,
Dos corpos estirados ao sol, exuberantes...
Namorados de mãos dadas ao cair da tarde...

Tibau
Da típica e saborosa comida,
Do camarão e do peixe frito na tapioca,
Da água de côco, do milho verde, da paçoca,
Da coalhada, do baião de dois e da peixada.

Tibau
Dos extensos morros de areias coloridas,
Mundialmente conhecidas... e engarrafadas
Formando paisagens manualmente trabalhadas.
Cidade das rendeiras, artesanatos  e bordadeiras.

Mossoró
Da minha primeira lágrima, meu primeiro amor,
Do meu primeiro beijo na pracinha, no escuro,
Das ilusões juvenis, do devaneio mais puro...
Da vida adolescente que deixei para trás...

Mossoró
Terra mãe, amada, que trago na memória,
E na alma a inspiração dos versos que faço agora...
No coração, meu amor por ti, desde outrora...
És e sempre serás o enredo da minha história.



Presença poética de Mossoró e Tibau

Nelson Patriota [ escritor ]

Que cidade não inspira admirações as mais variadas, e que pouco a pouco não se traduzam em cantos e poesias? Nem mesmo a melancólica Beócia, de triste memória na Antiguidade, se privou de seus poetas e cantores. Com mais razão, a combativa Mossoró, sempre acompanhada do aposto “Princesa do Oeste”, inspiraria louvores de vária ordem não só a mossoroenses de direito, mas também os adotivos – quer os que a adotaram, quer os que foram por ela adotadas. Ou a ambos os casos.

O livro “Mossoró e Tibau em Versos: antologia poética” (Sarau das Letras, 2014), organizado pelo poeta David de Medeiros Leite e José Edilson de A. G. Segundo, é mais uma de outras tantas antologias que a cidade de Mossoró suscita de tempos em tempos, a exemplo de “100 Poetas de Mossoró”, organizada por Caio Cézar Muniz, e com a qual compartilha um sentido fluido e elástico do termo “antologia”. Com efeito, ambos remetem mais à recolha do que a seleção, pecado aliás muito corrente nas modernas “antologias”, que, por não terem um propósito crítico, elegem como parâmetro diretivo o acervo disponível em torno do seu objeto de eleição indiscriminadamente. Isso finda por conferir a esses livros um caráter generalista e desigual, quando se cotejam seus textos mais acuradamente, colocando lado a lado poemas de gêneros e qualidades diversos; por outro lado, dá a esse conjunto díspare um verniz documental, uma vez que acolhe praticamente tudo o que considerar pertinaz ao tema.

Devido a isso, a antologia apresenta um largo espectro de gêneros que comporta versos brancos, cordéis, elegias, sonetos e outros estilos poéticos, enquanto a diversidade de autores abre um vasto leque de motivos, alguns bastante originais no tratamento do tema comum. Os exemplos são vários: o poema longo “Conversa de cangaceiros a cavalo no dia em que atacaram Mossoró”, de Homero Homem, o poema “Exercício de memória”, de Deífilo Gurgel, o cordel “De calça curta e chinela”, de Antonio Francisco, “Adoção”, de Clauder Arcanjo, “Canoeiros de Mossoró”, de David Leite, entre tantos outros.

À diferença da recolha poética levada a cabo por César Muniz, essa de David Leite e José Segundo inova ao incorporar a poesia telúrica e talássica inspirada nos encantos da praia de Tibau, extensão dos domínios afetivos dos mossoroenses; sua Pasárgada, no sentido bandeiriano. Predomina, porém, numérica e qualitativamente, a fonte de inspiração encravada nos chãos mossoroenses, como a dizer que o primeiro amor transborda de inspiração, em comparação ao amor tardio de Tibau.

A exceção é o poema “Mossoró e Tibau”, de Neila Costa, que reúne esses dois afetos mossoroenses numa ciranda de versos que se alternam em propalar ora as belezas e virtudes de um, ora do outro, numa celebração balanceada a fim de não melindrar nenhum deles. O fato, porém, de abrir e fechar o poema com evocações a Mossoró, deixa transparecer uma preferência tácita por esta cidade.

A paixão por Mossoró transborda sem pejo no poema “Ó Mossoró! Ó Sol”, de Cosme Lemos, que vale por uma quase-elegia à Princesa do Oeste, e que logo em seus primeiros versos estabelece a ligação essencial da cidade com o astro-rei Compare-se com o poema “Mossoró, sob o sol e o vento”, de João Wilson Mendes Melo, cujo verso inicial diz: “Na cidade em que nasci e cresci / Quem governa e quem manda é o sol”), enquanto escande a solitária vogal iterativa do nome da cidade: “Ó Mossoró! Ó Sol! As consoantes mortas / Perdem-se no clarão da vogal que as consome / E acorda todo o Oeste, abrindo as tuas portas, / Para dar ao sertão o calor do teu nome [...]”.



domingo, 10 de agosto de 2014

Além da eternidade - Elen de Moraes Kochman (homenagem aos pais que estão e aos que já partiram)


E. Roberto de Moraes

Além da Eternidade

Elen de Moraes Kochman

                     Para meu pai, em memória



Contemplo teu rosto na foto desbotada
Pelo tempo distante... Tempo que bendigo!
À mente, me volta imagem desordenada
Dos momentos felizes, do teu ombro amigo.
Meu coração dói... se contorce em disparada,
Ao lembrar, meu pai, a vida em comum contigo!


Sinto, na saudade, teu carinhoso abraço,
Tua voz, em silêncio, a me aconselhar...
Meus deslizes, quando ao pisar errado passo,
Com afeto corrigias, sem castigar.
Teus filhos, quando vencidos pelo cansaço,
Voltavam pros teus braços - porto de ancorar!-


Nos teus olhos havia olhar sempre bondoso!
Deles fluíam paz, total tranquilidade...
Acautelados em teu amor tão zeloso,
Transcorria-nos a vida em serenidade.
Ensinava-nos acerca do insidioso,
Mas mostrava tua justeza na igualdade.


Manso sorriso que em teus lábios flutuasse
Era estímulo a procurarmos, no mundo,
Um canto nosso que do sol nos resguardasse.
Sob a luz do teu incentivo íamos fundo!
Entre nós, distância não se fazia impasse,
Pois não te ausentavas sequer por um segundo.


Foste perdão sem dramas e sem mais enredos.
Um poço de amor! Grande lago de pureza,
Onde guardávamos todos nossos segredos,
Onde escondíamos nossa velha incerteza...
O teu coração espantava nossos medos
Ao pulsar a tua força, nossa fortaleza.


Hoje, pra aliviar a dor da tua ausência,
Imortalizo, nos meus versos, a tua vida!
Por sermos teus filhos, frutos da tua essência,
Conosco permaneces, embora a partida...
E um dia nos reveremos, noutra existência,
Quando tivermos cumprido, aqui, nossa lida...




domingo, 3 de agosto de 2014

Um povo surpreendente (Uma seleção nem tanto) - Elen de Moraes Kochman

Tribuna Portuguesa de 1º/08/2014



Um povo surpreendente                                          - Uma seleção nem tanto! -

Elen de Moraes Kochman

Não há nada que um bom apreciador de futebol não tenha, ainda, se inteirado sobre a Copa de 2014. Portanto não farei comentários sobre as seleções, quem jogou bem (ou bem mal), até porque desse esporte e suas regras pouco entendo. Entretanto vale lembrar o silêncio mortal que se abateu sobre o país nos momentos em que a seleção brasileira apanhava de inacreditáveis 7 x 1 da Alemanha. Tudo bem perder, já que nosso time, como diziam, não estava à altura de competir com os melhores, pela taça, mas aqueles gols, um atrás do outro, cinco em poucos minutos, pareciam “coisas do cão”! E doeu! Doeu muito! Para os que desejavam se livrar da lembrança do desastre de 1950 e exorcizar os fantasmas, vão amargar esse trauma por um longo tempo, além de suportarem as gracinhas - sem graça - dos “Hermanos” argentinos.

E se algum político brasileiro pretendia pegar carona no sucesso dessa nossa Seleção de Futebol, para se dar bem nas próximas eleições de outubro, teve que cavar, de acordo com as pesquisas, uma sepultura digna para os seus sonhos e digerir o pesadelo da uma provável derrota, pelo menos por enquanto, nos gramados da política.

Aqui entre nós (e a torcida do Flamengo), fale quem quiser e reclame quem se achar no direito e no dever, porém o povo brasileiro é mesmo surpreendente: não que tenha feito muito barulho por nada, não! Fez passeata contra a realização da copa, insatisfeito com os gastos e o superfaturamento na construção dos estádios, em detrimento da construção de escolas, hospitais e da segurança, assustando o mundo inteiro que passou a profetizar o caos durante o torneio; deixou a FIFA em polvorosa com os iminentes prejuízos, já que não se falava em outra coisa a não ser na isenção de impostos dada pelo Governo, que ela negava veementemente, afirmando não ter pedido nada, deixando entender que havia detalhes obscuros a serem esclarecidos; além das reclamações compartilhadas nas redes sociais, sem deixar de mencionar, infelizmente, os “black blocs” que, inicialmente, participaram do protesto de forma pacífica, mas que acabaram por depredar o patrimônio público e privado, incendiar ônibus e viaturas policiais, instalando o terror ao usar coquetéis molotov,  motivo pelo qual muitos estão presos e outros foragidos, com mandato de prisão.

Pois bem, esse mesmo povo, que assombrou os governantes e os responsáveis pela segurança, ao iniciar a copa deixou de lado os problemas internos, que só a nós, brasileiros, dizem respeito, e mostrou ao mundo, novamente, o nosso jeitinho carinhoso, educado e festeiro de receber os turistas. O que mais chamou a atenção dos nossos visitantes foram a festa e a alegria que reinavam por todos os lugares. Se entrevistados, enalteciam a simpatia do nosso povo, a torcida em campo e mesmo quando o Brasil perdeu, se acharam que nos fecharíamos em lamentos e lágrimas eternas, enganaram-se: enxugamos nosso pranto, ensaiamos nosso melhor sorriso amarelo, e fomos torcer! Para quem? Acredite se quiser, porém fomos torcer, sim, para quem nos tirou da copa de maneira tão humilhante: a Alemanha! Claro, porque torcer pelos “Hermanos” argentinos, jamais! Se se consagrassem campeões no nosso “Templo” do futebol, o Maracanã, iriam nos infernizar com suas brincadeiras por séculos e séculos.

Os alemães nos conquistaram desde o início, com o seu marketing: queriam ser o segundo time mais popular da copa no Brasil e numa “grande sacada” envolveu o Flamengo, time com maior torcida por aqui. Criaram uma camisa rubro-negra e com ela jogaram duas vezes; bombardearam as redes sociais pedindo para que torcêssemos por eles; declaravam constantemente o quanto estavam agradecidos ao Brasil por termos feito a “copa das copas” (sinceramente, acho exagero). E foram além das palavras: idealizaram e financiaram um projeto social para os menores no Brasil, chamado “Sonhos de crianças” (15 ao todo), com 500 mil euros investidos; com a organização do “Campo Bahia”, eles bancaram a reforma do  campo de futebol do vilarejo e doaram 10 mil euros para os índios da Aldeia Pataxó, de Coroa Vermelha, para comprarem uma ambulância. E digno de nota foi a dança indígena que a Seleção tetracampeã fez em volta da Taça, ao desembarcarem na Alemanha.

Os alemães colocaram Santa Cruz Cabrália, Bahia, no mapa turístico do planeta, depois de conviverem - por mais de 40 dias - com pescadores e índios, nessa pequena aldeia (e mostrá-la ao mundo através de vídeos), um ilhéu chamado Coroa Vermelha, na baia Cabrália, onde Cabral, em 1500, ancorou suas naus, ao descobrir o Brasil.






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