"Somethings in the rain" - playlist da série

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Meu Rio de Janeiro - Elen de Moraes




Meu Rio de Janeiro


Elen de Moraes Kochman



Sempre, a cada amanhecer,
Que te vejo espreguiçar
Sonolento... e se estender
Entre as montanhas e o mar,


Eu me debruço em teu peito
E me entrego ao teu abraço...
Deixo meu corpo sujeito
Ao deleite e ao compasso


Que dás ao meu coração...
Dele, és dono absoluto!
Também da estranha paixão
Que me invade... e que desfruto!


Tu és meu amor verdadeiro,
Ó meu Rio de Janeiro!


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

EM CIMA DO MURO, E DAÍ? - Elen de Moraes


Se preferir, poderá ler o artigo no jornal online,
edição de 15-02-2011, no link abaixo:
http://www.tribunaportuguesa.com



Em cima do muro... E dai?


Elen de Moraes Kochman





E daí, o assunto é delicado! O que para alguns pode parecer falta de atitude ou desapreço, para muitos é só uma questão de opção, de agir consoante a sua consciência, de disponibilidade e, sobretudo, de não perder o foco daquilo em que se acredita. Por outro lado, não devemos nos acomodar diante das injustiças sociais, calarmos em face dos desmandos que presenciamos e, por medo ou preguiça, deixarmos que pessoas sem gabarito, despreparadas, decidam o que devemos ou não fazer. Li em algum lugar - e concordo - que “precisamos deixar de ser atores de nossas próprias vidas e agir como autores, mostrando que mesmo sendo árdua, a luta por dias melhores vale a pena! Que vivemos num tempo de possibilidades, não de determinismo”.

Entretanto, nos dias atuais cobram-nos posições, engajamentos e escolhas como se fossemos obrigados a ter pensamentos coletivos, como se a sociedade fosse dividida em sindicatos e tivéssemos que nos filiar a algum, para bem viver e defender suas propostas com unhas e dentes. Há um patrulhamento que nos exige participações e preferências, como se não possuíssemos vontade própria e como se fosse regra ter que aprender (e repetir como um papagaio) só aquilo que lhes interessam. 

Cobram-nos eleger um lado pelo qual lutar; adotar um partido politico e a ele ser fiel; uma modalidade de esporte para amar e torcer; bandeiras (a favor do quê e de quem) levantar; amigos pelos quais brigar, estejam certos ou errados; causa de qual país abraçar, e muito mais! E se não nos decidimos rápidos e ocupamos logo as “trincheiras” que nos reservam, somos acusados de ficar em cima do muro. Acusação dita - e olhada - num tom de menosprezo, como se agir assim fosse proeza de cidadãos sem categoria, omissos e egoístas. 

Faz-me lembrar a candidata Marina Silva, acusada de ter ficado em cima do muro por não ter escolhido apoiar nenhum dos dois candidatos que disputaram a Presidência do Brasil, no segundo turno, por achar, quem sabe, que nenhum dos dois preenchia o perfil do Presidente que desejava para o País ou por estarem em desacordo com as causas pelas quais lutava. Essa atitude, talvez, tenha mudado os rumos da sua vida politica e do nosso Brasil, porém, se decidiu não apoiar ideias que nada tinham a ver com as que defendia e nas quais acreditava, por que condená-la? Embora eu tenha torcido muito para que ela trocasse o verde do seu Partido pelo azul do meu candidato, aceitei a sua decisão e, para dizer toda a verdade, admirei sua firmeza por não ter cedido às pressões. 

Também não estou levantando a bandeira de cruzarmos os braços e não ajudar quando se faz necessário, de não participarmos da comunidade da qual fazemos parte, de fecharmos os olhos para o que acontece à nossa volta e carece de atenção, do que exige nosso amor e cuidado para com o nosso semelhante, de repartir, de dar socorro a quem solicita... Não! Estou defendendo o direito de quem quer ficar de fora quando o momento exigir calma e reflexão, o de ir à luta quando achar que é a hora, mesmo que não seja para ficar de nenhum lado e, sim para costurar a sua própria bandeira.

Os mineiros (nascidos em Minas Gerais), têm a fama de estar sempre em cima do muro. Injustiça: fui criada entre eles e sei que é um povo calado, observador, desconfiado, que dificilmente mete os pés pelas mãos, mas age quando o momento exige, como explica o escritor Roberto Drumond: “Os invejosos, os que não receberam a dádiva divina de em Minas nascer, gostam de folclorizar o mineiro. Aí dizem: O mineiro está sempre em cima do muro! Mas eu pergunto: Tiradentes estava em cima do muro? Mais uma vez pergunto: Juscelino, que enfrentou os militares, que vetaram sua candidatura, e depois foi cassado, aprisionado, exilado, alguma vez esteve em cima do muro?” 

O que é “ficar em cima do muro”? É não aceitar imposições sobre ideias e ideais? É ter vontade própria? É poder escolher e repensar o momento da decisão? É ter dignidade e educação? É não comprar brigas alheias por não reconhecer nelas motivos válidos para “bater boca” e, de sobra, ainda ser apontado como criador de confusão, além de ganhar inimigos? É renunciar,  por amor aos filhos e à família? Ora, temos livre arbitrio para aceitar ou não as oportunidades e/ou problemas que batem à nossa porta e arcar com as responsabilidades das decisões tomadas. Que os “patrulheiros de plantão” nos atirem todas as pedras, mas, não conseguirão abalar o alicerce do nosso respeito à liberdade de escolha e  de vida.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

TU E EU - Elen de Moraes



Tu e Eu

Elen de Moraes Kochman


Eu chorei. Também choraste.
Eu amei, mas...
não me amaste!
Foi assim
que nos deixamos.
Sofri muito
por nós dois!
Se bem antes
fui feliz,
A dor me veio
depois.
Escapaste,
por um triz,
De por mim
te apaixonares,
De me querer
grande bem
De ter
que te entregares,
De te tornares
refém,
Rendido
ao meu coração.
Assim foi que te perdi,
Quando nem bem começara
A nossa louca paixão.

Nunca me achaste, afinal...
Não sei o que fui pra ti.
Mas, para mim foste o bem

que só me fêz grande mal!

VOO SOLO - (liberdade vigiada) - Elen de Moraes Kochman





Voo Solo


Elen de Moraes Kochman



A alma,
Liberta do assédio do tempo,
Descansa...
No colo da inocência.

O corpo,
Refém das paixões,
Dos desejos,
Desata-se
Das garras cruéis da solidão.

Os pés,
Vestidos com sapatilhas

De sonhos,
Tropeçam
Nos caminhos
Anoitecidos pelo tédio.
 

O pensamento,
Prisioneiro libertário
Das palavras,
Reinventa
Os versos da sua poesia.

O coração,
Perdido nas encruzilhadas
Do amor,
Desfibra-se
Nos tortuosos meandros da rejeição.

As asas,
Embaraçadas nas grades
Da indiferença,
Desvencilham-se
Das teias do conformismo...
Desenredam-se
Dos nós que atam
A sua liberdade vigiada


E alça seu voo solo.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

PULSAR DE EMOÇÕES - Elen de Moraes



Pulsar de emoções


Elen de Moraes Kochman


Entregar o meu corpo, que exagera
Cobiça pelo teu corpo proibido,
Alardear meu desejo contido
De viver esta paixão... Quem me dera!



Ser tua dona... Arrebatar-te quisera,
Em meus braços... 
deixar-te enlouquecido
Pelo meu prazer, a meus pés rendido...
Ah, meu amor, como é longa essa espera!



Caçar, como uma fera insaciada,
Na tua boca, todas as sensações
E nela apaziguar-me, dominada



Pelo pulsar das minhas emoções...
Tornar-me tua eterna namorada.
Fazer-te amante meu, sem restrições!



sábado, 5 de fevereiro de 2011

Apresentação de Reinadi Sampaio, para o seu livro de sonetos - Elen de Moraes



Amigos,

hoje, aniversário da nossa amiga
Reinadi Sampaio,
"Florbellaba"
deixo, em sua homenagem,
e para que a conheçam melhor, a apresentação
que fiz para o seu livro de sonetos que,
brevemente,
será lançado na Bahia.


Reinadi Rodrigues Sampaio,

Flor, para os amigos, nasceu sob o signo dos vitoriosos, no fantástico e mítico sertão baiano, decantado na literatura e na música brasileira, região empoeirada e castigada pela seca, circunstância que, longe de deixá-la frágil como as plantinhas que alí sucumbem sob os inclementes raios do sol, tornou-a delicada e exuberante como a flor do cacto, porém, forte e resistente como os espinhos dessa mesma espécie.

Recebeu a vida com a mente e os braços abertos, tão sedenta como as folhas que se abrem para receber o refrigério das orvalhadas madrugadas.

Sonhou todos os sonhos da ingênua infância e juventude sertaneja, mas teve o privilégio e o cuidado de aconchegá-los com o manto estrelado do céu do agreste e isso lhe conferiu docilidade feminina, confiança e um jeito faceiro de ser e estar, além de plantar nas pontas dos seus dedos o pendor para as artes, semente que só deu frutos anos mais tarde.

Entre idas e vindas, casamento, filhos e a faculdade de Psicanálise, ela jamais sufocou seus anseios artísticos, embora os tenha adiado por tempo longo demais.

Certo dia decidiu pintar e debruçou-se sobre a criação de belíssimos quadros. Com dedos nus, sem pincéis, sua pele tocando a tinta, seus dedos obedecendo a sua inspiração, em movimentos arrebatados, não sossegava enquanto não via surgir à sua frente, a paisagem imaginada.

Do mesmo modo, como aconteceu às telas, inclinou-se pela escrita poética e, assim, nasceram suas poesias encharcadas de claridade, matizadas de cores vividamente alegres e de emoções incontidas.

Depois de belos e incontáveis poemas em versos brancos, vencida a resistência em deixar-se amarrar por métricas e rimas, concluiu que era hora de escrever líricos sonetos. Buscou aprender a técnica, já que lhe sobejava inspiração.
Hoje, seus pensamentos inspirados e suas palavras artisticamente elaboradas são semeados sobre seus versos com a impetuosidade da mulher apaixonada, com engajamento ético e social, entretanto, com o carinho e o desvelo da mãe que acolhe em seu regaço um filho que acaba de nascer.

Reinadi tem nas lágrimas e no sorriso a simultânea facilidade e, como a maioria dos poetas, vive além do seu tempo e aquém da realidade comum aos mortais. No entanto, carrega consigo, seja em sonho, virtual ou fisicamente, a convicção de que a menina nascida sertaneja ainda habita o seu mundo e olha, com o deslumbramento de sempre, aquele céu estrelado do sertão, certa de que o infinito é a sua meta.

Agora, Reinadi inicia, através do amor, uma viagem por caminhos forrados de sentimentos poéticos, deixando sua alma impressa nas páginas deste livro que ora coloca em vossas mãos, com a certeza de que sabereis acautelá-la com a  mesma ternura com que ela trouxe à luz cada verso da sua poesia.

Elen de Moraes Kochman
Rio de Janeiro - Brasil

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

UM E-MAIL DO ALÉM - Elen de Moraes Kochman


 
UM E-MAIL DO ALÉM...
Assunto: Infelizmente, o mesmo! 




Num sitio da internet onde portugueses e brasileiros se congregam, o assunto tem sido, ainda e infelizmente, “putas brasileiras”, como escreveu num artigo, há uns dias, um jornalista português. Bastou, para o incêndio! Defesas e acusações dos dois lados. Mexeu até com quem já partiu para a eternidade, pois de lá recebi um e-mail, com o seguinte teor:

“Olá amiga, o assunto é longo. Acomoda-te!

Escrevo-te porque fui chamada à presença do Chefe e incumbida de uma difícil missão e quero dividi-la com alguém. Levei um grande susto com o chamado. A dúvida embaraçou-me antes que meu cérebro a digerisse. Achei que tinha feito algo errado. Não que eu não erre! Reconheço que “piso na bola”, mas Ele, amorosamente, me tem alertado sobre esse meu jeito de ferver em água fria (expressão roubada aos portugueses).

Sosseguei meu receio ao inteirar-me da incumbência: pesquisar os motivos de tantas discussões entre brasileiros e portugueses. Reclamações chegam de ambos os lados, argumentou. Pareceu-me preocupado, haja vista que os ânimos se acirram. Pelo que apreendi do Seu olhar, o tempo vai fechar!

Sabe, aqui vivemos em paz celestial. Portugueses e brasileiros unidos, feito unha e carne! Isso se deve à Sabedoria do Chefe que promoveu, divinamente, a harmonia. Explico: ao chegar, informaram-me que brasileiros ficam sob orientação dos portugueses e vice-versa. Dão-nos a prerrogativa de escolher sob as ordens de qual famoso orientador queremos ficar. Perguntei se era penitência. Disseram que não, embora tenha notado certo riso disfarçado no canto dos lábios daquele Senhor simpático que me recebeu.

Adivinha quem escolhi! Camões, claro! Não poderia ser outro, porém, depois me arrependi: quem optou por Bocage, ri e se diverte o tempo todo e nós, camonianos, trabalhamos, estudamos e nas horas vagas aprendemos sobre as aventuras dos navegantes e do império português que fundaram além mar.

Camões é exigente e sisudo. Chama-me a atenção pelas mínimas coisas, diz que falo gírias demais, que rio e falo alto, o que não fica bem para uma mulher e de uns tempos para cá cismou que ando a “paquerar” o Fernando Pessoa. Devo admitir meus suspiros por aquele homem misterioso, mas, é só! Ele vive às voltas com os “seus outros EUS”! Entretanto, o que mais irrita Camões é quando misturo inglês com a nossa língua. Fica irado! No Brasil, as duas línguas se juntam em total desarmonia e a gente se vicia e fala errado. São out-doors anunciando a new fragance, o layout da comida express e delivery, os fitness, a roupa fashion, sem falar dos programas para os computadores. Camões, por mais que eu me desmanche em motivos, não aceita que o brasileiro se deixe comprar e vender pelo que fala e come.

Estou aflita: descobri que vou passar a eternidade todinha com Camões. Céus! Ele só me permitirá ir para outro departamento quando eu estiver falando a pura língua portuguesa, a que se fala em Portugal, sem gerúndios, estrangeirismos, gírias e sem comer o final das palavras. “Tadinho”! Não tive coragem de lhe contar sobre o que as novelas brasileiras fazem por lá. Os miúdos desaprendendo o português e a juventude a passear pelos calçadões. Cá entre nós, amiga, vai ser uma longa eternidade até Portugal voltar a ser o que era... Se bem que eu tenha aprendido a aceitar Camões com seu jeitão calado e irascível. Às vezes eu o pego me olhando e coçando a barba e outro dia me disse que numa hora dessas vai me levar a passear e explicar o porquê de ter escrito que o “amor é fogo que arde sem se ver”. Não entendi! Depois te conto!

Esquecia-me do motivo principal desta carta: as “putas brasileiras”, como se fala por lá. Camões diz que a culpa é da língua que possui palavras iguais, com significados diferentes. Não creio! No português coloquial do Brasil, prostituta é a mulher que faz sexo, profissionalmente, por dinheiro (nada a impedir que sinta prazer) e puta, a que faz sexo só pelo prazer, com mais de um parceiro, tipo a mulher casada que tem amante. E é só no Brasil que isso acontece? Fala sério! Daí a revolta quando alguém se refere dessa forma às mulheres brasileiras, como se todas fossem iguais. Talvez a intenção de quem fala seja ferir mesmo. A maioria, incluindo-me, tem aversão à palavra e penso que a ojeriza nasceu no dia em que Cabral desembarcou no Brasil, com todos seus homens em jejum e se depararam com as índias, belas e peladas. Será que ninguém imagina o que aconteceu? Pero Vaz de Caminha não relatou esses fatos (ou factos?) naquela carta, todavia, o assunto já foi matéria de pesquisa numa Universidade. Talvez, a partir daí, tenha nascido o amor de tantos portugueses pelas brasileiras e o pavor das brasileiras pela palavra em questão.

Para terminar, uma dica: avisa aos portugueses que gostam de músicas e poesias para escolherem Vinicius de Moraes como Orientador: a turma dele aqui em cima, só faz cantar, escrever e admirar as garotas de Ipanema.

Chega de prosa por hoje!
Obrigada por me ler.
Até mais!”


Por Elen de Moraes



Edição: 15/07/2010


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