Mulher ao Espelho Cecília Meireles Hoje, que seja esta ou aquela, pouco me importa. Quero apenas parecer bela, pois, seja qual for, estou morta. Já fui loura, já fui morena, Já fui Margarida e Beatriz, Já fui Maria e Madalena. Só não pude ser como quis. Que mal faz, esta cor fingida do meu cabelo, e do meu rosto, se tudo é tinta: o mundo, a vida, o contentamento, o desgosto? Por fora, serei como queira, a moda, que vai me matando. Que me levem pele e caveira ao nada, não me importa quando. Mas quem viu, tão dilacerados, olhos, braços e sonhos seus, e morreu pelos seus pecados, falará com Deus. Falará, coberta de luzes, do alto penteado ao rubro artelho. Porque uns expiram sobre cruzes, outros, buscando-se no espelho. publicado em Mar absoluto - 1945. |
"Somethings in the rain" - playlist da série
domingo, 7 de maio de 2017
MULHER AO ESPELHO - Cecília Meirelles
Assinar:
Postar comentários (Atom)
VOZ: Elen de Moraes Kochman - Elegia do adeus
Rio de Janeiro - Br

Aterro do Flamengo - ressaca
Amanhecer no Rio de Janeiro

Amanhecer no Rio de Janeiro

Nevoeiro sobre a Tijuca

Rio de Janeiro
Tempestade sobre a Tijuca

R< - Br
Eu me perco em teu olhar...

Nenhum comentário:
Postar um comentário