"Somethings in the rain" - playlist da série
domingo, 23 de junho de 2013
quinta-feira, 20 de junho de 2013
UMA PROPOSTA INDECOROSA (Sobre a PEC 37) - Pedro Simon
JORNAL DO BRASIL
Uma proposta indecorosa
Pedro Simon*
Aos olhos da sociedade, proibir o Ministério Público de promover investigações criminais é uma iniciativa que merece amplo e total repúdio. Mesmo assim, desconsiderando o sentimento da cidadania, é o que determina a Proposta de Emenda Constitucional número 37 em análise na Câmara dos Deputados. Se aprovada, será submetida ao Senado.
Uma questão se impõe. A quem beneficia limitar a atuação de procuradores de órgãos como a Receita Federal, por exemplo? Talvez a muitos e por razões diversas. É certo, porém, que os sonegadores estão entre eles. A sonegação no Brasil chega a fantásticos R$ 415 bilhões ao ano! Mais do que arrecada o Imposto de Renda, que recolheu aos cofres públicos, em 2011, cerca de R$ 278 bilhões. E o país, no limiar de uma crise econômica, enfrentando escassez de recursos para investimentos, convive com essa situação.
O Ministério Público é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, conforme a Constituição que lhe dedica quatro artigos (127 a 130). Os constituintes de 1988 atribuíram relevância expressiva ao MP, a quem cabe ainda, constitucionalmente, responsabilidade pela defesa do próprio regime democrático. Não obstante, interesses contrariados por investigações e processos de iniciativa de procuradores ameaçam um retrocesso que marcará tragicamente a história do Congresso Nacional.
O Brasil, ao contrário, deveria se debruçar sobre a tarefa de modernização da legislação. Delegado de polícia, promotor e juiz deveriam estar abrigados numa carreira funcional unificada. É assim na maior parte do mundo civilizado. O fortalecimento do controle do delegado de polícia sobre o inquérito, e, ainda, cabendo eles a iniciativa da investigação criminal, é algo contraproducente. O cargo de delegado depende dos governadores, do poder político e administrativo; enquanto que ao MP a Constituição garantiu, sábia e prudentemente, autonomia e independência.
ENTENDA A PEC 33 E A PEC 37
Nos últimos dias, estamos sendo bombardeados por notícias sobre a PEC 37
e PEC 33, vemos manifestações e abaixo-assinados por todos os cantos.
Mas poucas pessoas realmente sabem o porquê de tudo isso. O que é a PEC 37 e PEC 33? Por isso, a notícia de hoje é sobre este assunto, extremamente importante para o país.
A PEC 33 atinge o Supremo Tribunal Federal. Caso aprovada, ela modificará a relação entre os três poderes do país, ou seja, permitirá ao Congresso ter controle sobre ações do Supremo Tribunal Federal.
Já a PEC 37 é uma proposta de Emenda à Constituição, conhecido como PEC da impunidade, pois pretende tirar o poder de investigação do Ministério Público. Caso seja aprovada, ela inviabilizará algumas investigações como: desvio de verbas, crime organizado, abusos cometidos por agentes dos Estados e violações de direitos humanos.
E, para que você entenda um
pouco mais sobre essas duas emendas, o Professor Che fez um vídeo onde
explica tudo sobre as PEC’s:
Esta matéria foi publicada no "NAÇÃO JURÍDICA",
no link acima.
quinta-feira, 13 de junho de 2013
O SUMIÇO DO SANTO CASAMENTEIRO - Elen de Moraes Kochman
O SUMIÇO DO
SANTO CASAMENTEIRO
Procuro, impaciente, a foto do meu santinho casamenteiro. Desde o divórcio – faz tempo! – minha Advogada colocou-a na minha carteira. Reviro bolsas, gavetas e não a encontro. Sumiu! O Santo se escondeu, talvez, exausto de interceder pelos solitários. Embora não creia que me vá arranjar marido, não quero sair de casa sem ele, logo hoje no seu dia – dos namorados – mas vejo que é o jeito!
Com o tempo, a gente se apega às manias: sempre ando duas quadras antes de entrar num taxi. Não gosto que saibam onde moro. O motorista, um senhor simpático, muito perfumado àquela hora da manhã, fala mais do que dirige, embora sua conversa seja agradável. Enquanto fala, olha-me pelo retrovisor e acho aqueles olhos os mais azuis que já vi. Azuis ou verdes? Não confiro, porque o homem pode pensar que correspondo ao seu flerte. Que palavra antiga! Será que os jovens usam-na quando olham para alguém, com interesse, insistentemente, tantas vezes, até que tenham certeza de serem correspondidos?
Paramos em frente a um centro comercial. Pago a corrida. O motorista estende a mão com um cartão. Comenta que é seu telefone, se precisar de um taxi. Pego, agradeço e ele diz que é para o caso, também, se precisar de um amigo para tomar um vinho. Grande namorador! Olho para sua aliança e jogo o cartão no banco, dizendo-lhe para levar rosas à esposa.
O movimento é intenso. Em meio a tantos casais abraçados, pareço barata tonta vagando pelos corredores. Não sei o que faço ali. Se admitisse, diria que saí de casa com a esperança de conhecer alguém especial. Cansada, o sapato de salto alto, que uso raramente, incomoda-me. Dirijo-me à praça de alimentação para dar uma trégua aos pés e um agrado ao estomago. Sento-me, olho em volta e um susto me acelera o coração: Virgem Santa, quantas mulheres sozinhas tiveram a mesma idéia! Jesus, cadê os homens! Os mais moços, no trabalho, certamente. E os bem mais velhos, aposentados, em casa, vendo TV, na internet, adoentados ou já partiram mesmo, "desta para melhor". Pasma, perco a fome. Levanto-me e saio.
No andar de baixo um casal me pede para responder uma enquete para sua agência de publicidade, que pesquisa o presente que uma mulher, na minha faixa etária, gostaria de receber no dia dos namorados. – Um namorado! Respondo e os deixo sorrindo. Penso sobre o que gostaria de ganhar e concluo que, já que namorado não vai ser, uma sandália rasteirinha, que me deixe com os dedos à vontade, será um presente dos deuses. Entro numa sapataria, sento-me, tiro os sapatos, estico as pernas como se estivesse em casa e flexiono os dedos martirizados. Como é gostosa a liberdade! Danem-se as regras sociais.
Uma voz masculina pergunta-me o que desejo e me traz à realidade. Solícito, mostra-me vários modelos. Impressão ou ele acaricia meus pés enquanto me ajuda a calçá-las? Credo, que imaginação! Porém sinto que o sangue devolve vida às minhas pernas e espanto-me com meus pensamentos. Pago, saio e volto a cabeça para olhar o funcionário: minhas dúvidas se confirmam vendo seu olhar maroto. À noite ele terá divertidas histórias e muitas fanfarronices para contar aos amigos.
Já não aguento andar e não quero voltar para casa. Entro numa das salas de cinema. É cedo para a primeira sessão, mas estão abertas. Compro chocolate e pipoca, acomodo-me num ótimo lugar, recosto a cabeça e fecho os olhos. Alguém toca meus ombros. Olho para trás e um senhor pergunta-me se pode sentar-se ao meu lado, para conversarmos. Não respondo. Ele insiste. Diz que faltam uns quinze minutos para iniciar o filme e que podemos passar o tempo nos conhecendo. Sem esperar resposta, dá a volta, quase se joga no assento e antes que eu reclame, diz sorrindo, mostrando bonitos dentes: – Hoje desisti de esperar a morte em casa. Decidi sair e arrumar uma namorada.
A “cantada” é diferente, mas um tanto mórbida. Olho-o com o rabo dos olhos e deduzo que não parece ser um tipo mulherengo. Vá saber! Deve ter entre setenta e oitenta anos. Maliciosa, me questiono se ele ainda namora.
O homem pede que eu fale alguma coisa. Corto o silêncio:
– Casado?
– Não!
– Mentiroso?
– Não! E você, o que faz aqui hoje?
– Vim comprar uma sandália – E mostro meus pés.
– Mentirosa? – Não respondo.
Rimos muito e nos apresentamos.
(Será mera coincidência qualquer semelhança da vida de alguém com este conto)
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quarta-feira, 12 de junho de 2013
Nhenhenhen... (dia dos namorados) - Elen de Moraes Kochman
Nhenhenhen
- dia dos namorados - Elen de Moraes Kochman Namorados: hoje é o dia! De novo aqui... e sozinha! Lateja, em mim, agonia do enredo que se avizinha. Será que em benditos braços, o meu guerreiro descansa do seu corpo, os bagaços... o seu arco e a sua lança? Em que pele acetinada sua ágil língua passeia? Em que boca alucinada a sua, agora, tateia? A quem será que oferece, do seu porto, a segurança? Será que alguém se enternece com seu jeitão de criança? O meu corpo, em fogo brando, apaga aos poucos, sem dono... Não sei quanto e até quando suportarei o abandono. E nem sei se quero mais que chegue a qualquer momento! Que venha ou não... tanto faz! só quero o fim do tormento. De tanto sonhar esqueço que me espera um outro alguém... Desta vez... ou enlouqueço, ou dou fim ao nhenhenhem! |
Nem tudo que um poeta escreve se refere
às suas dores, aos seus amores,
enfim, à sua vida particular.
- AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dorA dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,Na dor lida sentem bem,Não as duas que ele teve,Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de rodaGira, a entreter a razão,Esse comboio de cordaQue se chama coração. - Fernando Pessoa
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Eu me perco em teu olhar...
