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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

AMORES CLANDESTINOS - Dom Pedro II e Luisa - por Elen de Moraes Kochman


1º/03/2011



Amores clandestinos

Dom Pedro II e Luísa



Elen de Moraes


A história está repleta de amores e paixões proibidas. Nas mais simples às mais abastadas e influentes famílias, sempre há um caso oposto às conveniências a ser contado ou escondido. Muitos primeiros-ministros e governos caíram pelos seus amores clandestinos! Sem contar os que estão por cair. O Brasil não fica a dever: de vez em quando surge a notícia de que um político engravidou uma mulher fora do casamento ou sobre a amante de algum deles que, indiretamente, o povo sustenta.

Entretanto, voltando o relógio do tempo, nos deparamos com amores proibidos e famosos, em todas as épocas. No Brasil, com a chegada da família real, no seculo 19, a cidade tornou-se efervescente e os amores escandalosos mais comentados, até porque nada era feito às escondidas.

Conta a história que Dom João VI, homem inteligente e culto, que gostava mais de comer do que de sexo, tampava os ouvidos aos falatórios sobre sua esposa, Dona Carlota Joaquina de Bourbon, e seus inúmeros amantes, chegando a nomear um deles para Diretor do Banco do Brasil. Seu filho, o Imperador Dom Pedro I, tido como mulherengo e algo vulgar, foi homem de muitas amantes e sua vida amorosa rica em acontecimentos. Teve muitos filhos bastardos, com todo tipo de mulher. Já o seu herdeiro, Dom Pedro II, tímido, introspectivo e discreto, era mais seletivo.

Assumiu o Trono ainda jovem e ao se casar sentiu-se enganado porque lhe mostraram a pintura de uma linda morena de Nápoles, por quem se interessou, porém, pessoalmente, era tão feia que o príncipe, ao vê-la, teve um ataque de choro. Foi o que o empurrou para os braços de outras mulheres.

Aos 31 anos conheceu Luisa Margarida Portugal de Barros, Condessa de Barral, mais velha nove anos, por quem perdidamente se apaixonou. Segundo historiadores, foi a única mulher que ele amou. Nutria por ela, além da paixão, uma grande admiração intelectual. Mantiveram o romance por trinta e quatro anos, a maior parte do tempo através de cartas, que ambos combinaram destruir. Dom Pedro II cumpriu sua promessa, porém Luisa, mais romântica, guardou as suas e, através delas, boa parte da história de sua vida e do Brasil está sendo contada.

Segundo Mary Del Priori, Luisa era filha do Visconde de Pedra Branca, dono de vários engenhos de açúcar no Recôncavo Baiano. Casou-se por amor com o visconde de Barral, na França, onde vivia desde jovem. Para lá fora enviada pelos pais para estudar. Como Barral não era de família abastada e a de Luisa era muito rica, vieram para o Brasil. Com a crise do açúcar, seu marido ficou desempregado e ela viu-se obrigada a trabalhar, aceitando ser preceptora da irmã de Dom Pedro II, a qual, mais tarde, indicou-a ao Imperador para cuidar das suas duas filhas.

Dom Pedro II encantou-se ao conhecê-la: de beleza rara, educada e elegante, magra, sabia vestir-se e seguia a moda francesa. O que era admiração a princípio, virou paixão e passaram a se encontrar às escondidas, em Petrópolis, onde Luisa havia alugado um chalé, e no Rio de Janeiro, certamente no Palácio de São Cristóvão, onde morava o Imperador. Conforme Del Priori, nos diários pesquisados, também foram encontradas passagens que se referiam a uma viagem que  fizeram juntos, à Grecia.

A Condessa de Barral mandava e desmandava, mas não influenciava o Imperador nas decisões que tomava como governante - se bem que diziam que influenciou a Princesa Isabel, sua filha, com suas ideias abolicionistas, a extinguir a escravidão no Brasil - porém o ajudou de outro modo, ou seja, por ser homem sem traquejo social, ensinou-o a se portar à mesa, a se vestir bem, a limpar as unhas, a não bater no ombro das pessoas e como tinha um inglês ruim, dizia para só falar em francês, para não cometer gafes. Passava-lhe informações sobre arte, livros, teatro e cultura. Por ter sido criada na Europa, mantinha-se em dia com os acontecimentos do mundo.

Luisa só teve um filho, Dominique. O marido da Condessa jamais se posicionou sobre o seu romance com Dom Pedro II. Como era preceptora das filhas do Imperador, recebia convites para ir aos bailes, mas sempre ia  sozinha. Quando as princesas se casaram, Luisa voltou para a Europa. Começaram, então, a troca de correspondências. Foi quando o Imperador se sentiu mais apaixonado e saudoso e fez várias viagens para visitar a amada.

Com a proclamação da Republica, a família Imperial exilou-se na França. Dom Pedro II reencontrou a Condessa e ficaram mais próximos. Ele lhe escreveu uma poesia dizendo que nada mais iria separa-los. Costumava colher flores para ela todos os dias e deixar na porta de seu quarto. Luisa morreu de pneumonia quase dois anos depois e ele logo em seguida, de complicações com diabetes.

Pesquisas:
Mary Del Priori
Gazeta do Povo

 


2 comentários:

vieira calado disse...

Olá, boa noite!
É a minha 1ª visita!
Obrigado pela sua, creio também a 1ª.
SAudações poéticas!

MARILENE disse...

Há inúmeros amores clandestinos em todos os tempos. Uma postagem que apresenta fatos por mim desconhecidos e que gostei de ler.
Fiquei feliz com sua visita, pois me mostrou o caminho do seu blog. Bjs.

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